Poesia: Sexta carnívora








Sexta carnívora




Na Sexta, dita da Paixão,


a morte de Cristo é lembrada,


e muitos tentam, em vão,


crucificar-se tardiamente,


como se fosse possível


suportar a dor


que ele sentiu.




Mas que mãe, repito, que mãe?




Que mãe não seria terna


com o filho que passou a semana


procurando por um bife,


umzinho, suculento qualquer,


e ficou a base de frango, ou peixe, ou sei lá mais o que?




Ainda mais quando o gajo, gaiato,


nem nisso acredita,


como se comer carne


ficasse mal na fita?




Ora, dane-se a convenção,


e que venha o bife gostoso


com o camarão dengoso


da mãe que o faz com carinho,


com gosto de casa, gostinho


de quero mais um, e mais um ...




E que todos comam com gosto,


e lembrem que a morte, de fato,


foi o selo, o grande contrato,


que deu aos que crêem a vida.




Sim, porque no final a certeza,


melhor que bife a milanesa:


domingo a vitória é dele,


lembramos ao redor da mesa.




Ele vive.




Sim, ele vive!!!






FPS, 09/04, 16:25

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