
Ônibus de São Paulo (Foto: Thiago Silva)
A partir do convite feito pelo senhor vereador Paulo Frange (PTB), o Plamurb participou na data de hoje de uma reunião da Subcomissão da Tarifa Zero, realizada na Câmara Municipal às 10h. O chamado ocorreu após o representante do legislativo paulistano ler alguns artigos do blog a respeito do assunto. Para nós, foi muito gratificante termos voz em uma discussão tão séria e importante como essa, afinal permitir o acesso ao transporte é algo urgente e que precisa ser atingindo de uma vez por todas.
Após minha confirmação, separei alguns materiais, com dados relevantes sobre o sistema de transporte, e que na nossa visão, devem ser minuciosamente avaliados concomitantemente ao estudo da Tarifa Zero, de modo que o estudo não fique capenga.
Na mesa, além do vereador Paulo Frange, estavam presentes a vereadora Rute Costa (PSDB), Jair Tatto (PT) e Ailton Brasiliense, Luiz Carlos Mantovani, ambos representantes da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP). Estavam presentes vários ouvintes na plateia.
Quanto me deram a palavra, falei por quase 30 minutos, considerando o tempo das perguntas que me foram feitas.
Ao longo de meu discurso, reforcei que a página é favorável a Tarifa Zero, ou outras medidas que possam levar à redução da tarifa, de modo a beneficiar os passageiros. Porém, que é preciso enxergar como o sistema de transporte de São Paulo está atualmente e identificar todas as suas deficiências para não correr o risco de a prefeitura estar financiando um sistema ineficiente ou muito aquém do ideal.

Momento enquanto eu discursava (Foto: reprodução Câmara Municipal)
Sendo assim, falei da baixa presença de infraestrutura de transporte, como as faixas exclusivas e os corredores, mostrando que quando um ônibus possui prioridade no viário, ele desenvolve velocidade maior, além de permitir redução do custo global. A título de curiosidade, entre faixa e corredor, a cidade possui hoje apenas 15% de vias reservadas para ônibus de um total de 5 mil km da malha usada pelo transporte coletivo e que isso representa um gargalo enorme, uma vez que ônibus preso no trânsito é custo e é prejuízo.
Em seguida, abordei a questão envolvendo a remuneração das empresas de ônibus na última licitação, onde todas as empresas participantes ofertaram o teto máximo estipulado pela São Paulo Transporte (SPTrans), a necessidade de mais linhas perimetrais na cidade e o quanto seccionamentos em excesso são nocivos, sendo necessária uma reavaliação de algumas dessas mudanças realizadas.
Logo depois levei ao debate que o custo do transporte, mesmo com uma queda entre o ano de 2019 e 2020, não representou uma redução nos subsídios, que continuaram aumentando e hoje estão representando mais do que 50% do custo total do transporte paulistano por ônibus. E que se isso não for revisto, a tendência é aumentar, o que inevitavelmente levaria à tarifa zero, só que em circunstâncias inadequadas.
Por fim, reforcei o papel importantíssimo do trólebus dentro da mobilidade elétrica. Expliquei que, muito embora a prefeitura queira colocar 2600 ônibus elétricos a bateria até o final do ano que vem, esse tipo de tecnologia ainda é muito cara, e que a prefeitura poderia aproveitar parte da rede de trólebus que está subutilizada e criar, dentro das possibilidades, novas linhas com esse tipo de veículo, fazendo melhor uso da infraestrutura existente.
Reforcei que tudo isso que havia dito, impacta e encarece o custo do transporte coletivo de São Paulo, e que é necessário pensar e agir de forma a reduzir esses custos.
Ao final, o vereador Paulo Frange questionou sobre os seccionamentos pedindo maiores explicações e ratificou a importância das linhas perimetrais, usando exemplos de outros países. Logo depois eu mencionei a existência do Bilhete Único Amigão, mas que possui pouca divulgação e alguns dos presentes afirmaram desconhecer essa modalidade.
Pouco depois, a vereadora Rute Costa questionou minha fala sobre o fato de as faixas exclusivas prejudicarem ou não os comércios. Há muitos estudos comprovando que com faixas ou até ciclovias, os comércios acabam sendo beneficiados, e eu acredito muito nisso. Porém, essa seria uma outra discussão e muito longa.
Terminada a sessão, agradeci a todos os presentes, sobretudo o vereador Paulo Frange, que me abriu as portas e deu credibilidade ao Plamurb.
Antes de sair da sala, concedi breve entrevista para a TV Câmara e respondi duas perguntas, além de conversar brevemente que com outras pessoas que estavam ali presentes.
Enfim, reforço que foi uma grande oportunidade dada a nós. Agradeço a você que está lendo esse texto e que divulga o blog por aí. É preciso que a gente se envolva mais com assuntos desse tipo, afinal, mobilidade urbana é coisa séria e que impacta diretamente a vida das pessoas. Que novos convites nos sejam feitos futuramente.
O link da transmissão completa você pode acessar clicando aqui ou diretamente no canal da Câmara Municipal logo abaixo. Começo a falar a partir de 1h43m.
source https://plamurbblog.wordpress.com/2023/04/05/plamurb-participa-de-reuniao-da-subcomissao-da-tarifa-zero-na-camara-municipal-de-sao-paulo/
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